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Trecho do Prefácio de Celso Gutfreind

                Agora Caio Riter pode estar confirmando a hipótese, ao nos oferecer este Os saberes da água, um livro inteiro de poemas. Não são versos de prosador, desses que quebram ao léu no meio da linha como denunciou João Cabral, com quem Caio se entende, desentendendo-se. São versos que enfrentam a dureza da pedra de Drummond a que alude até obter o artesanato poético, banhado da prosódia em alto patamar (verbo, hera, erro, eco) e de imagens carnais (a poesia como dissecação, o corte no ventre da água). Versos de quem conhece a palavra a que homenageia em muitos textos. De quem aceita o ideal inatingível, mas não desiste de buscá-lo na Pasárgada que também reverencia. De quem leu muita poesia, digeriu-a e transformou-a a ponto de conquistar o direito de fazer a sua própria, repleta de ritmo, paradoxo, ambiguidade (Kafka, Brecht e Tu) para expressar a dor e o prazer.

                Felizmente, o poeta não sabe ser sozinho. Dessa forma, Caio Riter devolve para nós e para as águas a poesia forte que estava emprestada para um narrador.

Os saberes da água — Caio Riter

R$ 35,00Preço
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