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A poesia de Juliana Meira, neste seu novo livro, mostra que há muitos vasos comunicantes entre o dentro e o fora. De repente, um som qualquer, inclusive de coisas que nem têm som, mas que a poeta chama de sonoras, ecoam num ponto distante da alma, da memória, e tecem laços entre o passado e o presente, entre o aqui, dentro do apartamento, e a avenida, entre um avô e sua neta, entre quem segue adiante e quem já se foi. Mas tudo é tecido na linguagem - que é som sutil e silêncio que fala nessa poesia de Juliana -, tramando mais ligações subterrâneas entre as ideias, as sensações, osbichos, as plantas, os objetos e as palavras. Como a tolha que voa da janela e abraça a paineira, como a cidade que nos carrega em sua lábia, como quem vê no sinal da cruz a rosa dos ventos, como quem procura deus no atlas, como quem toma do que rebenta som e ausência. E tantas outras imagens sutis, intrigantes e bem construídas que a poeta nos serve nessa água dura. Juliana Meira se firma cada vez mais naquele pequeno grupo de quem se aguarda sempre com grande alegria uma nova leva de poemas. Aqui está.

                                                                                          Ricardo Silvestrin

água dura — Juliana Meira

R$ 35,00Preço
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